O Centro Cultural Unicamp, CIS-GUANABARA como é conhecido, é um órgão vinculado à Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura e está sediado no complexo da antiga Estação Guanabara, outrora pertencente a extinta Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.
Localizado na região periférica ao centro, está instalado em dois imóveis construídos no final do séc. XIX, declarados patrimônio histórico, arquitetônico e cultural de Campinas em 2004, e revitalizados por meio de parceria público-privado em 2006, ano em que inicia suas atividades.
Atendendo aproximadamente 35mil pessoas/ano, realiza importante papel na formação dos seus cidadãos ao proporcionar o desenvolvimento de projetos e ações nas mais variadas vertentes da arte, educação e cultura, reafirmando seu compromisso sociocultural na direção de criar, promover e consolidar-se como um espaço de ofertas públicas de bens e serviços culturais vinculados à promoção da causa da emancipação humana, preceito fundamental da sua criação.
Ser referência na oferta de bens e serviços culturais, preservando, integrando e difundindo saberes voltados à formação, reflexão e pensamento do cidadão contemporâneo.
Sediado na antiga Estação Guanabara, o Centro Cultural Unicamp, CIS-Guanabara, nasceu trazendo consigo o legado de uma importante parte da história de Campinas.
O complexo da Estação Guanabara, então pertencente à extinta Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, surge já no final do século XIX, período no qual a cidade passava por transformações bastante significativas, gerando a necessidade de mão-de-obra especializada devido aos novos fazeres que as ferrovias demandavam a medida em que eram construídas. Esse crescimento acelerado promovido pela economia cafeeira, dinamizou o processo de estruturação das companhias férreas e o consequente desenvolvimento econômico, político e sociocultural de Campinas.
Inaugurada em março de 1893, a Estação Guanabara, carinhosamente conhecida como “Estação da Mogiana”, atendeu a várias linhas ferroviárias da região de Campinas, como a Sorocabana e a Funilense. Seu pátio chegou a possuir treze linhas, tamanha a demanda observada à época. Além do transporte de mercadorias, principalmente o café, a estação foi também um importante ponto de embarque e desembarque de passageiros.
Campinas se consolidava, definitivamente, como território de processos que simbolizaram o ideal de progresso. Assim foi também com a intensificação da industrialização ocorrida na segunda metade do séc. XX, e mais recentemente é figurando como importante polo tecnológico, reflexo da atuação de outra importante instituição campineira: a Unicamp. Portanto, e não por acaso, as ideias e os ideais de desenvolvimento social e cultural sempre estiveram presentes no imaginário coletivo dos seus munícipes, porém, a história não é feita só de louros.
Com o declínio da economia cafeeira, as ferrovias passaram a acumular déficits, culminando, poucas décadas depois, no sucateamento do sistema ferroviário nacional. Assim, mesmo após esforços da estatal Fepasa, a Estação Guanabara é desativada em 1974, e em suas edificações abandonadas passam a ocorrer ocupações ilegais de toda ordem, acarretando num continuado processo de depredação patrimonial.
No final dos anos 1980, dada sua relevância histórica, arquitetônica e sociocultural, a Unicamp pleiteia junto à Fepasa, então empresa do Governo do Estado de São Paulo, a concessão de parte do complexo da Guanabara. A iniciativa, idealizada pelo historiador Prof. José Roberto do Amaral Lapa, ocorre ainda no final dos anos 1970, mas só se concretiza em 20 de janeiro de 1990, quando então é realizado o comodato de uma área total de aproximadamente 12 mil m², na qual estão contidos os dois principais edifícios da antiga Estação Guanabara, a saber, o prédio principal, caracterizado no estilo neorrenascentista e o Armazém do Café.
Com a concessão assegurada, a Unicamp inicia os estudos de recuperação dos imóveis, a construção de um Centro de Memória e também de um Teatro, apresentados na forma de projeto arquitetônico de autoria da arquiteta Lina Bo Bardi, e que mesmo passando por adaptações para motivar sua implementação, via Lei Rouanet – visando incentivar investimentos culturais por parte das empresas – não obteve êxito. Segundo o entendimento dos gestores, à época foram identificados dois grandes justificativas desse desinteresse: elevado custo e a ocupação irregular dos prédios.
Dada a necessidade e urgência de intervenção na área, a Unicamp cria um grupo de trabalho (Portaria GR-007/2004) com a atribuição de elaborar um plano para implantação de atividades visando, objetivamente, a ocupação imediata dessas instalações. Em 13 de maio do mesmo ano, o Conselho e Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas – CONDEPACC declara, por meio da portaria nº 45, processo nº 02/96, tombado o conjunto imobiliário da Estação Guanabara, perfazendo cerca de trinta e seis edificações.
Assim, na esteira do tombamento inicia-se o processo de desocupação ilegal dos prédios, sem deixar de assegurar aos moradores dignidade e assistências necessárias, uma ação que envolveu a transferência de famílias para o sistema de habitação, assistência social, entre outros. (JU, 18-24/08/2008). Paralelamente, os primeiros movimentos de ocupação legal se iniciavam e, em abril de 2006, dois anos após o tombamento e o processo de desocupação iniciam, em uma pequena parte do Armazém do Café, as primeiras atividades do Centro Cultural (DOE, 25/04/2006), ainda que de forma muito tímida, porém com claro indicativo de qual seria sua atividade-fim.
Na segunda metade de 2007, é uma parceira público-privada entre Unicamp e a Campinas Decor, possibilita o processo de recuperação de ambos imóveis, encerrando assim o ciclo de longos trinta e quatro anos de abandono.
Assim, em 22 de agosto de 2008, após conclusão dos trabalhos de restauração e reforma, a Estação Guanabara é novamente entrega à sociedade, sediando oficialmente nela o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social, o CIS-Guanabara (Resolução GR-02/2008, de 21/08/2008), conforme publicação no DOE em 26/08/2008, justificado pelos seguintes fatores:
Desde então, o CIS-Guanabara cumpre importante papel junto à sociedade, assegurando a universalização da oferta de bens e serviços culturais, e possibilitando a formação simbólica dos seus cidadãos, cumprindo a missão de fomento à educação cidadã e a preservação dos patrimônios material e imaterial.